16,2 milhões de cristãos são deslocados devido a ataques na Nigéria
- 23/09/2024
Em 2019, o pastor Barnabas se juntou ao crescente número de cristãos deslocados na Nigéria após um violento ataque perpetrado por militantes Fulani. Armados com facões, pedaços de pau e armas de fogo, os agressores invadiram a fazenda onde Barnabas, seu irmão Everen e sua cunhada Friday viviam e trabalhavam. Na tentativa de fugir, o pastor teve sua mão gravemente ferida, uma lesão que o afeta até hoje, cinco anos depois. Tragicamente, seu irmão e cunhada não conseguiram escapar do ataque e perderam suas vidas.
“Agora, perdi tudo o que tinha. Tudo em minha casa e vila foi queimado; fiquei sem nada”, relatou Barnabas em uma entrevista ao The Christian Post, destacando o impacto devastador que esse episódio teve em sua vida e na de sua comunidade.
Uma vida de desafios nos campos de deslocados
Desde o ataque, o pastor Barnabas e sua família vivem em um dos muitos campos de deslocados na Nigéria, onde milhares de cristãos lutam diariamente para sobreviver em condições difíceis e superlotadas. Os desafios são imensos: falta de comida, emprego e condições mínimas de subsistência. No entanto, apesar das adversidades, Barnabas encontrou forças para ministrar e servir a outros cristãos que vivem na mesma situação de vulnerabilidade.
“Milhões de cristãos estão deslocados aqui na Nigéria. Assim como em toda a África. Estamos permanecendo na escuridão”, lamenta o pastor, que diariamente tenta trazer conforto espiritual para seus companheiros deslocados. Como líder espiritual, Barnabas se mantém firme em sua fé, encorajando aqueles ao seu redor a confiarem em Deus para superar esses tempos difíceis.
Crescimento da perseguição na África Subsaariana
O caso de Barnabas reflete um problema maior que afeta toda a região da África Subsaariana. Conforme o novo relatório da missão Portas Abertas, intitulado No Road Home (“Sem Caminho para Casa”), mais de 32 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas devido à violência crescente, sendo 16,2 milhões de cristãos. Essa migração forçada, causada por ataques de grupos extremistas islâmicos e militantes Fulani, tem transformado a região em uma das mais perigosas do mundo para seguidores de Jesus.
As comunidades cristãs, em particular, têm sido alvo de ataques violentos que visam destruir suas vidas, suas propriedades e seus meios de subsistência. O Boko Haram, a Província do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP) e grupos militantes Fulani são responsáveis por décadas de terror contra cristãos e comunidades agrícolas predominantemente cristãs. A violência tem resultado em milhares de mortes e no deslocamento massivo de pessoas, deixando um rastro de destruição por onde passam.
Relatório alarmante e a inação das autoridades
O relatório da Portas Abertas, que acompanha a situação de cristãos em mais de 60 países, revela um cenário alarmante na Nigéria, especialmente nos estados do nordeste do país, como Borno. Conforme a Organização Internacional para Migração (OIM), o estado de Borno abriga 74% dos deslocados da região nordeste, e, até dezembro de 2023, cerca de 1,7 milhão de pessoas estavam vivendo em campos de deslocados nesse estado.
Além disso, o relatório aponta que a resposta das forças de segurança locais aos ataques tem sido lenta e ineficaz, criando um clima de impunidade que encoraja mais violência e novos deslocamentos. “Os deslocados internos cristãos foram desencorajados. E como pastor no acampamento, que também está deslocado, não tenho nada para dar a eles. Nós apenas oramos juntos e compartilhamos a Palavra de Deus”, afirmou Barnabas, refletindo a frustração de muitos líderes cristãos diante da inércia das autoridades.
O papel da fé em meio à violência
Apesar de viver em condições tão adversas, Barnabas continua a confiar em Deus para guiar a sua vida e a de sua família. “Nossos olhos estão em Deus. Nossa esperança está Nele. Colocamos nossa confiança Nele. Acreditamos que Ele é grande. Ele fará isso, mais do que esperávamos”, afirmou o pastor, evidenciando sua fé inabalável.
A Portas Abertas alerta que, embora a violência tenha impactado tanto cristãos quanto não cristãos, os grupos extremistas têm deliberadamente como alvo comunidades cristãs, seus líderes e locais de culto. Esse cenário de hostilidade crescente contra os cristãos faz da África Subsaariana o lugar mais violento do mundo para seguidores de Cristo, de acordo com Ryan Brown, CEO da Portas Abertas dos EUA. Segundo ele, o número de mortes relacionadas à fé na região já superou o de qualquer outra parte do mundo nos últimos cinco anos.
A esperança de um futuro melhor
Mesmo diante de tanta adversidade, Barnabas permanece com uma mensagem de esperança e fé para aqueles que compartilham da mesma situação. Ele acredita que, apesar da escuridão que atualmente cobre a região, Deus está presente e é capaz de transformar vidas. A jornada difícil de Barnabas e de milhões de cristãos deslocados é um testemunho de resistência e confiança inabalável em um futuro melhor, onde a paz e a justiça prevaleçam.
Com informações da Publicação: "16,2 milhões de cristãos são deslocados devido a ataques na Nigéria" disponível em NT Gospel.
